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Concordo quando dizem que tudo é muito confuso... eu também pensava assim. E, por isso, as crises sucediam-se porque eu estava sempre a cometer erros.

O que eu sei aprendi à custa de mim mesma. Quando entrava em crise pensava: “o que é que eu comi de errado, agora?”... então, pesquisava, fazia experiências, entrava em crise... e pesquisava novamente.

Esta semana tenho estado com uma crise tremenda... devido a mais experiências. Porque só assim é que eu descubro o que me faz mal!

As sopas estão proibidas - pelo menos para mim, já experimentei tudo, mas não consigo chegar a uma receita segura - porque nem só a batata, o arroz ou a massa têm amido. Infelizmente, quase todos os legumes têm amido: a cenoura (0,3 % de amido), a berigela (0,2)...

Alguns alimentos têm pouco amido, é certo: mas tudo junto acaba por ser amido suficiente para fazer deflagrar uma crise.

No início da minha dieta, eu insistia nas sopas. Cheguei a fazer uma “sopa” só com cenoura... não passou no teste do iodo: ficou negra!!! Resolvi comer à mesma... o resultado? Óbvio, claro.

Há outros legumes como a beterraba que têm pouco amido que me fazem mal...eu adoro sumo de beterraba!!!

Infelizmente, tive que desistir de tudo isto. Mas ganhei muitas outras coisas. Em saúde, por exemplo.

Quanto à cebola, mais uma vez aprendi às minhas custas. A cebola, tal como o alho, o tomate e os pimentos (entre outros) tem Inulina. A inulina – o açúcar das alcochofras e outras plantas - é um polissacarídeo tal como o amido.

A dieta sem amido, como uma vez já referi, deveria chamar-se Dieta Sem Polissacarídeos, já são estes que alimentam a bactéria Klebsiella Pulmonae.

A mim, basta comer qualquer alimento que tenha sido feito com cebola (por exemplo, tenha sido refogado com cebola), ou com tomate e\ou pimentos para ter uma crise muito forte. Para mim a inulina é o pior dos “amidos”.

É por isso que, apesar de ser considerados alimentos anti-inflamatórios, a cebola e o alho estão fora da lista de alimentos seguros para doentes com EA. Não obstante, existem pessoas que se dão bem com estes dois ingredientes.

Os laticínios são, sem dúvida, alimentos que provocam inflamação. Contudo, certos pessoas toleram alguns queijos. No meu caso, posso comer uma a duas fatias de queijo por dia e um requeijão, de duas em duas semanas. Leite: eu sou viciada em leite... mas provoca mesmo muita dor, pelo que desisti de tentar.

Quanto aos chocolates: têm leite, logo provocam inflamação. Já provei vários chocolates: não querendo falar em marcas... há um que tem soja suficiente para me provocar dor; um outro tem leite em demasia, provoca-me bastante inflamação... finalmente, encontrei um que – apesar de ser chocolate de leite, não me faz mal.

Um nota importante: eu como um quadrado de chocolate por dia, de manhã...

Os bolos que fazemos na nossa dieta, livres de polissacarídeos – amido – são bastante importantes. Não usamos leite e o açúcar é tolerável, pela maior parte dos espondilíticos que eu conheço, apesar se ser um dissacarídeo.

Quem não tolera a sacarose – o tal açúcar de que estamos a falar – pode usar frutose (monossacarídeo), hidrato de carbono inofensivo ao portador de ea.

Pode-se ainda substituir estes acúcares por mel, uma excelente fonte de hidratos de carbono - que deveria ser obrigatório para quem segue a DSA.

Os hidratos de carbono são muito importantes na alimentação do ser humano. Então, se não podemos comer batatas, massas, pão... ficamos fracos, sem forças, porque não ingerimos hidratos suficientes? Não é bem assim.

Os Hidratos de Carbono permitidos, neste regime alimentar, são os Monossacarídeos. Estes têm uma única molécula e essa estrutura permite-lhes ser facilmente absorvidos pela parede do intestino.

Os Hidratos de Carbono complexos - os Dissacarídeos (duas moléculas) e os Polissacarídeos (moléculas em cadeia) não são permitidos neste regime alimentar, porque não sendo facilmente digeridos, permanecem mais tempo no intestino.

Como se sabe, existem muitas bactérias no intestino. Umas são inofensivas, outras são até benéficas… contudo, existem bactérias que são responsáveis por inúmeras doenças.

Ora, estas bactérias alimentam-se destes Hidratos de Carbono que se encontram no nosso intestino. Com todo esse ambiente favorável, as bactérias crescem e reproduzem-se livremente. No meio de todo esse processo, dá-se a inflamação do intestino.

A dieta funciona porque retira o alimento necessário ao crescimento dessas bactérias, que acabam por "morrer à fome". Este regime alimentar permite, ainda, restabelecer o equilíbrio das bactérias benéficas no nosso intestino.

No meu caso, o meu organismo tolera bem a sacarose, apesar deste ser um dissacarídeo. É tudo uma questão de testar, porque cada pessoa é única.

Quanto aos fritos... sim, eu como peito de frango panados com farinha de amêndoa fritos, mas em azeite! E só de vez em quando, porque é frito!!! É que se pode ler, na receita que partilhei no tópico das receitas.

Eu não costumo comer fritos. A minha alimentação quando não é cozida, é grelhada. Contudo, às vezes permito-me um miminho, como é o caso dos peitinhos de frango. E quando isso acontece é sempre em azeite, considerado uma das gorduras mais saudáveis por ser rico em ácidos gordos – excelente alimento anti-inflamatório!

É verdade que nos sites de nutrição, o açúcar, os chocolates, a manteiga são alimentos considerados pouco ou nada saudáveis. Esquecem contudo de referir os perigos da ingestão de hidratos de carbono complexos – polissacarídeos – que hoje, após muitos anos de pesquisa – estão relacionados com doenças como a Diabetes, a Doença De Cronh, a Doença Celíca e tantas outras.

Carol Sinclair, no seu livro The IBS Low-Starch Diet, explica a tudo o que está por de trás da campanha dos cereais...

Eu comecei este regime alimentar há 1 ano e 1 mês. Trabalho cerca de dez horas por dia, com crianças - como devem calcular, é preciso muita energia para lidar com crianças . Quando chego a casa, ainda tenho que fazer o jantar, arrumar o que está desarumado – coisas que nós mulheres sabemos o que é - e, ainda faço os meus alongamentos: aqueles obrigatórios para um doente com ea...

Digo isto para dizer que eu consigo retirar a energia que necessito do mel e outras fontes de hidratos de carbono simples.

Se a DSA é fácil? Continuo a dizer que não. Não obstante, continuo a afirmar que não é impossível.

Perdi muito peso... mas estava obesa e a um passo da diabetes tipo II. A minha médica de família, quando me viu, disse-me que eu estava muito bem, afinal alguns meses antes eu parecia uma “baleia” – palavras dela.

Os índices de colesterol e triglicéridos desceram. A minha obstipação crónica desapareceu e nunca mais tive rectorragias (hemorragias via anal). A minha hipertensão arterial – diagnosticada aos 20 anos, cerca de 15 anos atrás), estabilizou. A gastrite já não aparece na endoscopia e a fibromialgia só aparece muito de vez enquando e a fadiga crónica... já nem sei o que é isso.

Coincidências? Talvez não.

É tudo muito confuso, eu sei. Confesso que muitas vezes só me apetece desistir de tudo, fugir... mas, é só por breves instantes. Porque só eu sei como estive e como eu estou agora. Pelo que vale a pena.

Continuo com muitas dúvidas... tantas... mas procuro até encontrar! E se não encontro, testo em mim!

Neste momento estou a recuperar de uma crise de EA e FM... estive a experimentar pimentos e não aconselho ...

Um exemplo interessante: uma conhecida minha pode comer fruta!!! E eu não!!! A fruta não tem amido se for colhida já madura. Ora, infelizmente, em Lisboa toda a fruta que eu compro tem amido porque é apanhada ainda verde. O amido que esta tem é muito pouco: mas é o suficiente para desencadear uma crise!

Cada caso é uma caso... cada pessoa é um indivíduo. O que é certo em mim, poderá não ser verdade numa outra pessoa. Por isso, é que esta dieta tem de ser testada. Dá um pouquinho de trabalho... mas vale a pena.

Um nutricionista é, sem dúvida, o ideal. Mas, por certo encontraremos uns que vão estar a favor e outros contra.

Vejamos o caso do leite, por exemplo. Campanhas e alguns médicos aconselham-nos a beber três copos por dia para prevenir a osteoporose. Por outro lado, temos médicos que, baseando-se em pesquisas ciêntíficas, que nos alertam para o perigo do leite...

No que é ficamos? Penso que fica ao critério de cada um... eu bebia cerca de um litra de leite por dia – durante mais ou menos 33 anos – e tenho Osteoporose no colo do fémur e Osteopenia nas vértebras L5 e S1. A minha mãe, tão viciada em leite como eu, foi-lhe diagnosticada osteoporose avançada...

Dos alimento permitidos pela DSA, existem muitos que não são muito aconselhados, eu sei disso. Contudo, também sei que, se a nossa dieta for o mais equlibrada possível, nada me faz mal. Pelo menos, é que os meus exames clínicos afirmam...

Este regime alimentar é muito complexo, sim. Contudo, não quis deixar de tentar. A minha vida era uma autêntica tortura crónica, dia e noite... eu tinha de tentar! E ainda bem que o fiz!

Eu não acreditei, de imediato, em tudo o que lia... que uma simples dieta era a resposta! Eu disse ao meu marido que, “se assim fosse, não havia EA em lado nenhum”!

Ele insistiu que se resultou com ele – que curou a Doença de Cronh com uma outra dieta– porque não dar uma hipótese?

E aqui estou eu...

Algum dia chegarão todos a um consenso no que diz respeito à dieta sem amido? Não sei... e também não me interessa muito.

A minha EA está estável e as minhas análises estão normais, tenho energia mais que suficiente para viver e trabalhar... e com a ajuda de alguns suplementos alimentares, eu espero continuar com esta dieta para o resto da minha vida.

Só gostaria de esclarecer que a minha alimentação não se limita a bolos, chocolate e uma fatia de queijo por dia.

Eu costumo comer pratos normais com peixe, vegetais como os grelos, bróculos, couve lombarda ou espinafres - daqui só retirei a batata; pratos de carne com frango ou perú, sempre gralhados com saladas o mais variadas possíveis.

Quanto aos bolos e pudins, costumo comer mais ao fim-de-semana, depois quem os acaba costuma ser o meu marido e as minhas manas... eles adoram esta parte da minha dieta!

Às vezes, confesso, sinto "fome" de outras coisas: pão, massas, arroz - afinal, eu já fui muito gordinha. Não foi fácil lidar com este vício que eu tinha por hidratos de carbono complexos. Mas, aos poucos, estou a lidar com a situação.

Aliás, as minha depressões e as minhas recaídas - ea - têm muito a ver com este assunto, é como se eu estivesse a fazer uma desintoxicação tal como um adito de uma outra droga qualquer. Porque nem só de drogas duras um pessoa pode ficar adita.

O caminho da vida tem pedras... eu irei fazer um castelo com elas! Como Fernado Pessoa era tão sábio...

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