| queremos realmente a cura?



haroldo dutra dias, numa palestra que ouvi, contou a história de um cão que, deitado, não parava de uivar de dor. um homem, ao ouvir o desespero do cão, pergunta ao seu tutor, a razão daquela aflição. o tutor explicou que o cão estava deitado em cima de um prego, que se cravava na carne. o homem, incrédulo, perguntou porque é que, então, o cão não se levantava? o tutor respondeu: "porque está doendo o suficiente para ele uivar, mas não está doendo o suficiente para ele se levantar".

fazendo um balanço dos últimos meses, só me recorre uma palavra que define bem, cada dia que passou. não irei partilhar, aqui, a palavra porque é um palavrão feio, muito feio. mas, como disse, é a única palavra que consegue qualificar tudo o que passei

sentia-me a afundar, a cada pôr-de-sol. quando pensava que aquele dia tinha sido o pior de todos, a noite seguinte mostrava que a dor conseguia, ainda, ser maior, mais agressiva, mais violenta. implacável.

como já mencionei, na publicação de vinte e quatro de fevereiro, eu estava a passar (e ainda, estou) por várias situações delicadas que me tiraram do meu centro. apesar desta minha tendência para ver tudo, pelo lado positivo, sem me aperceber, permiti que estes desafios me desequilibrassem, levando-me, assim, a um estado de instabilidade emocional grave.

sabemos que existe uma simbiose entre a dor e a saúde emocional e se as nossas emoções estiverem descontroladas, a probabilidade que desencadearmos uma crise é enorme. tem sido um desafio, para mim, desde janeiro, conseguir gerir as minhas emoções e, para agravar, quando eu me encontro sob grande tensão, eu como tudo o que vir pela frente. inclusive e principalmente, pão e bolos. então, ao descontrole emocional, juntou-se o total abandono da dieta sem amido. desleixei-me, também, com o exercício físico e o sono... bem, simplesmente, deixei de dormir.

é impressionante como um dia estás tão bem e no outro, só porque baixaste a guarda, estás no fundo do poço. e, o pior é que, quando estou no fundo do poço, vá-se lá saber porquê, perco a vontade de reagir e deixo-me lá ficar, à mercê da louca (uma mistura explosiva de dor, desânimo, desespero...) que existe em mim.

até ao dia em que tudo se torna, demasiado, tenebroso...

o que queres que eu faça?

há algumas semanas, angustiada por tudo o que se passava comigo, há tanto tempo, a minha mente não parava. e eis que, de repente, recordei-me dessa palestra de haroldo dutra dias, onde ele comentava as curas de jesus. haroldo explicava que nem todos os que o procuravam, se curavam e, que o motivo residia naquela pergunta que jesus fazia àquele, que lhe pedia assistência: o que queres que eu faça?

no seu íntimo, aquela pessoa desejaria, realmente, ser curada? se sim, já restabelecida, jesus, simplesmente, dizia: vai, a tua fé te curou. mas, nem todos, se curavam... porquê? haroldo esclarece que nem todos desejam, verdadeiramente, a cura.

lembrei-me, então, que há uns anos, tinha publicado, aqui, uma reflexão sobre a cura, que tinha lido algures: e o que é a cura? em que consiste a cura? para quê a cura? para quem? estamos prontos? o que ganhamos? o que perdemos? queremos realmente a cura?...

e fiquei a pensar nisso, durante o resto da noite. no dia seguinte, quando me preparava para ir trabalhar, o meu marido pediu-me para ficar em casa. eu respondi-lhe que bastava de tanto desmando na minha vida. se eu já tinha conseguido vencer a doença, estava nas minhas mãos, conseguir, novamente.

demorei muito tempo até me conseguir #reconectar, definitivamente. já tinha tentado, em fevereiro, mas não fui persistente, o suficiente. no início deste mês, voltei a focar-me em mim e na minha saúde. regressei à alimentação saudável, comecei a gerir pensamentos e emoções, voltei à prática de meditação, a fazer exercícios de respiração, a aplicar auto-reiki, a fazer yôga. iniciei um tratamento com florais de bach, oiço binaurais, insisto nas afirmações positivas, voltei às minhas caminhadas no parque do fontelo e à natação (faço aulas livres, ao meu ritmo: umas vezes nado, umas vezes sustenho a respiração e deito-me no fundo da piscina e por lá fico, a observar a luz refractada na água, outras, simplesmente, deixo-me ficar a flutuar...).

e agradeço sempre, agradeço tudo...

as melhorias fizeram-se notar, ao longo das últimas semanas. o meu nível de energia estava perto do normal e as dores, finalmente, controladas.
o que queres que eu faça?

ter fé. ter vontade. re-erguer(se). dar o passo. procurar(se). tentar. esforçar(se), persistir, confiar...

e celebrar!

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