| e onde fica o eu?
ao longo da última década e meia, tanto que mudou em mim. a mudança mais considerável foi, sem dúvida, a maneira como eu passei a ver o "outro". a opinião do "outro" foi [sempre] essencial para mim. o que pensava, como me julgava.
também me preocupava demasiado em ajudar este e aquele, fossem quais fossem as situações. eu vivia para ver\fazer os outros felizes... muitas vezes, até em detrimento da minha felicidade.
hoje sei que estive errada, grande parte da minha vida.
os tropeções que fui dando, pelo caminho, ajudaram-me a perceber que essa não é a melhor maneira de viver. muito pelo contrário. viver em prol do outro, não é viver. é deixar que a vida passe por nós.
note to self:
primeiro eu...
não se trata de egoísmo. apenas, auto-estima, auto-preservação. tal como no anúncio: se eu não gostar de mim, quem gostará? e é isso mesmo.
todos podemos ajudar quem nos rodeia, aliás... devemos ajudar quem nos rodeia. contudo, primeiro temos que olhar para nós.
"médico, cura-te a ti mesmo"
#jesus
há que fazer uma pausa. há que olhar para dentro de nós mesmos. há que tratar as feridas e deixá-las "ao ar", como diz a minha mãe. deixar que o sol e o vento fresco as beije, limpando-as, de uma vez por todas.
como fazer isso?
ao acordar, antes de qualquer coisa, agradecer. a vida, o hoje, o eu. a seguir: olhar ao espelho. e sorrir. amar quem está à nossa frente e dizer-lhe que sim, que confia plenamente em si mesma.
as pessoas vivem [sobrevivem] cegas, numa espécie de coma profundo. o sonambulismo tomou conta das suas vidas. acordam, trabalham, engolem comida, deitam-se, dormem... ou não.
a percentagem de pessoas com doenças mentais tem aumentado, consideravelmente, no nosso país. eu já fiz parte dessa lista de sonâmbulos que [sobre]viviam, arrastando-se pela vida. uma lista que cresce a cada dia que passa. cada cabeça, o seu motivo: família, finanças, saúde, trabalho...
e onde fica o eu? não fica.
se cada pessoa desse 5 minutos do seu tempo a si mesmo, muita coisa poderia mudar. cinco minutos à frente do espelho... não é fácil. eu sei. eu vivia para o trabalho, para o outro... não sobrava tempo, simplesmente, não sobrava.
[até ao dia em que uma doença parou-me e deu-me todo o tempo do mundo]
foram necessários anos, para perceber que eu estava errada. mas, o que verdadeiramente interessa, é que eu percebi que eu sou importante.
eu sou...
e se eu sou, tu és.
[de que estás à espera, para te ires ver ao espelho?]
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